domingo, 22 de agosto de 2010

sobre mulheres e homens


Simone de Beauvoir diz que não se nasce,torna-se mulher.Essa frase é o embrião do conceito de gênero.De início,fiquei um pouco confuso com aqueles novos conceitos,em se falando de gênero,por quê significava rever quase tudo aquilo que eu tinha quase certeza serem os elementos constituintes de minha identidade.Note-se,quase certeza.Pensando bem,haviam algumas dúvidas.Ser homem é ser basicamente igual a todos os homens que eu via,e com quem convivia?Pra ser homem tem que ser violento,e não recusar uma briga?Ser homem de verdade é não chorar,quando emocionado?Ser homem é não demonstrar sentimento quando se ama uma mulher,ou demonstrá-losob a forma de  migalhas?Ser homem é querer comer toda mulher que me pareça atraente?Ser homem é viver apenas pra ganhar dinheiro,ter um carrão e ser um membro ativo da sociedade de consumo?É estabelecer uma relação de dominação com a minha companheira?E mulher,tem que ser frágil,tem que ser submissa?tem a obrigatoriedade de casar,de ser mãe?Tem que cuidar da casa,dos filhos,do marido?Esses questionamentos já existiam latentes em mim,apesar de durante muito tempo não ter atentado pra eles,e de ter também,por quase toda a minha vida,vivido de acordo com algumas dessas regras que imaginava serem intrínsecas aos seres humanos.Aí,num belo dia,aparece na sala,no início do semestre,uma mulher incrível,chamada márcia macêdo,professora de introdução do curso que faço,e abre a caixa de pandora....nascemos com nossa identidade de sexo,mas as ditas características masculinas e femininas,apregoadas o tempo inteiro como inerentes aos corpos,são culturalmente construídas,desde a mais tenra infância,e utilizadas em nossa sociedade patriarcal para legitimar relações desiguais entre mulheres e homens,relações estas caracterizadas pela subordinação/opressão da mulher.Então,comecei a pensar:bom,eu tô vendo agora como as coisas se processam,então,até que ponto me é válido viver reproduzindo esses padrões hegemonicos de masculinidade?de que forma essas representações,que me foram impostas,vem me impedindo de viver mais plenamente minha vida, meus amores,minhas possibilidades,de que forma essas reproduções interferem em minha interação com o mundo?
Decidi  me reconstruir.Me desreconstruir.Vislumbro,nesse processo,uma possibilidade imensa de evolução,de emancipação Do meu ser.Tô abraçando a causa feminista,e vejo que as lutas feministas não dizem respeito somente às mulheres.Dizem respeito a mulheres e homens,e à emancipação do ser humano!